quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Mediocrisation"

Estou revoltado!
(Pô ! Mas já ?!) Esta é a estréia do "Cabessudo", o blog que eu, Carla e Raquel estamos escrevendo para as aulas de didática e logo de cara me deparo com a ditadura da "síndrome do anglicismo proposital e desnecessariamente adquirido" que não me permitiu que usasse o endereço "cabeçudo.blogspot.com.br". O caractere "ç" é ainda proscrito em algumas instâncias cibernéticas e por isso teve que ficar "cabessudo" com dois "s". ("thank God" (para ser bem desnecessário !) este editor parece permitir a escrita em português de verdade !). Aliás, o próprio nome "blog" já me causa um certo asco (aglutinação de "web log").
Porque não primamos por valorizar o idioma pátrio? Porque temos que importabandiar os "personals", os "fitness", "brunchs", "business", "coffee breaks" etc... do hemisfério norte sem a menor necessidade? E como se não bastasse, ainda enchemos a boca com verdadeiras atrocidades de causar ojeriza, haja vista o verbo "customizar", suposta adaptação/tradução de "custom" que significa (me corrijam os colegas de letras se estiver errado) “feito sob encomenda”, ou seja, personalizado. Tão simples... existe a palavra correspondente em português e no entanto teimam em utilizar uma "tradução" que faria Shakespeare e Camões terem espasmos dentro das respectivas tumbas.
Não sou da área de letras, sou da área das ciências da natureza, entendo também essa coisa de que a língua é dinâmica, que é natural que ela evolua, sofra influências, se modifique com o tempo e etc e tal... mas o que não consigo entender é essa necessidade terceiromundista (na verdade seria mais tupiniquim que terceiromundista) de sair engolindo e vomitando tudo que é americanismo lingüístico que vão nos enfiando goela abaixo quando na verdade o idioma nativo dá muito bem conta do recado. Alguém haveria de dizer: "mas isto que ocorre com a língua falada nada mais é que um dos sintomas de todo um processo de dominação ideológica do capitalismo ocidental judaico-cristão yankee imperialista e tá-rá-rá ta-rá-rá...” Até concordo! Também entendo que não se trata de um fenômeno isolado. Mas mesmo assim ainda considero que devemos resistir a isso, a esses anglicismos desnecessários, perniciosos e a meu ver, degradadores da nossa identidade enquanto povo.
Não estou aqui pregando uma espécie de regime talibã lingüístico, nem me acho o supra-sumo dos cultivadores da última flor do Lácio, inculta e bela, mas acho que um dos sintomas de dignidade de um povo é a preservação do seu idioma. Os próprios americanos, com fama de alienados, manipulados e tudo o mais, têm uma forte rejeição a tudo que não é "in english". Porque havemos de ter vergonha de roçar a língua na língua de Luís de Camões? A minha pátria é a língua portuguesa !

Um comentário:

Didática - Professor Márcio disse...

Interessante a sua discussão, dá uma boa conversa em sala de aula, poderia provocar as pessoas para isso...um abraço...vou linkar vcs...